Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Conheço tão bem o teu corpo
Sonhei tanto a tua figura
Que é de olhos fechados que eu ando
A limitar a tua altura
E bebo a água e sorvo o ar
Que te atravessou a cintura
Tanto, tão perto, tão real
Que o meu corpo se transfigura
E toca o seu próprio elemento
Num corpo que já não é seu
Num rio que desapareceu
Onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco.
Mario Cesariny de Vasconcelos
Encontro-te* em todas as ruas nas quais me cruzo, em fraccoes de segundo, com qualquer coisa algo que dava tudo para partilhar contigo. Na mesma fraccao em que tropeco em ti no meu pensamento... te perco na distancia. De facto uma dicotomia encontro e desencontro, material e eterno. Quando fecho os olhos, imagino-te como preto no branco, como a palma da minha mao, como se estivesse estado contigo ontem. Chego mesmo a sonhar contigo de vez em quando, sinto-te perto de mim e lembro com carinho peripecias e momentos em que rimos juntos. Desapareceu o rio a nossa beira, apareceu um oceano no meio, mas es imenso e es real, sei que contigo nao ha longe nem distancia.
Todos os dias penso em VOCES, e se me perco e' a pensar em NOS.
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*tu, sao todos voces que me chegam ao coracao. voces sabem quem sao. tal como eu gosto, poucos e bons, muito bons.