Oct 9, 2007

DJ's dedication service

No passado domingo fui ao Dedication Service do baby mais giro de Maryland! O filhote da minha amiga Nicole! Foi um dia preenchido de manha a noite, comecando pela missa seguida pela cerimonia para o bebe, e despues a respectiva festinha de comemoracao em casa da Nikky!
Eles sao Cristaos Baptistas, por isso em pequenotes nao sao baptizados, so o fazem quando as criancas ja sao mais crescidas e ja entendem o que se lhes esta a fazer. As far as I understood, isto foi uma bencao inicial.

Se so pudesse usar duas palavras, usaria alegria e uniao! Mas, posso usar mais, por isso ca vai.

Primeira impressao, a igreja e pequena para tanta gente... mas a igreja em si nem e pequena, mas realmente vem e muitas pessoas assistir a missa. Inclusivamente tem um balcao superior onde se pode sentar mais gente, e filmam a missa e as imagens passam em directo em mais duas salas no edificio da igreja para quem se teve que contentar com esses lugares. Posto isto, dou-me por sortuda em me ter conseguido sentar na igreja em si, e poder assistir a tudo ao vivo, sem ter que recorrer as filmagens..

Como missa Gospel que era, iniciou-se com um cantico! Um cantico alegre em que todos em pe, se balanceavam nos dois pes e batiam palmas!
A missa continuou com as boas vindas aos presentes, primeiro os homens, depois as senhoras, e para meu espanto, com um toquesinho da Nikky - "levanta-te es tu". Eu? Euzinha?? Era a vez dos visitantes... Eu e mais duas pessoas levantamo-nos e rezamos a leitura que passava no projector.

Por esta altura reparava em duas coisas que me embasbacaram: era a unica pessoa branca da missa, a unica mesmo; e havia uma senhora a frente que estava em pe a traduzir o que se passava para linguagem gestual. Cedo percebi que as surpresas estavam apenas a comecar..

Uma olhadela geral, a 360' e reparo numa data de pormenores. O altar nao e como o altar catolico, e como se fosse apenas um pulpito e nao uma mesa estendida. Ha varias cadeiras atras desse mesmo pulpito, que se destinam ao Pastor, e a outros homens que de certa maneira pertencem a comunidade (e mais nao sei). De cada lado do pulpito esta a musica: as vozes - o coro Gospel, e os instrumentos: piano, bateria, flauta transversal, guitarra, e mais um que nem sei o nome, chamo-lhe ferrinhos (como se fosse um espanta espiritos). Para alem dos homens, todos (bem) vestidos de igual, preto e bordeux, estao uma serie de senhoras com um tailleur branco e uma especie de chapeu tambem branco, a ladear os bancos, todas alinhadas. Em surdina pedi explicacoes a senhora que se sentava ao meu lado, conclusao, sao ajudantes. Se alguem esta com calor, elas entregam leques, se alguem idoso precisa de ajuda elas dao... Estao simplesmente a ajudar e a cooperar com os assistentes para que todos estejam bem.

Ainda bem que a Nikky estava por perto e que a senhora que se sentava ao meu lado era amorosa, porque me iam dando um heads-on do que se passava para eu nao me perder, e saber interpretar o que ia aparecendo no projector.

Seguiram-se leituras, discursos, ou mesmo conversas entre o pastor, ou apenas membros da comunidade comnosco (chamo "nos" a quem estava a assistir a missa, e digo "nos" e nao "eles", porque ja que la estava decidi participar na missa, e nao permanecer como mera observadora).
Nao fui capaz de perceber a missa toda pois de facto a estrutura e muito diferente das missas catolicas a que assisti. Mesmo assim, houve algumas "cenas" que me marcaram mais que outras. A dada altura sao chamados a frente os "under 10". Criancas vao pelo seu pe, e os bebes sao levados ao colo. Quem teve a tarefa de estudar uma passagem da biblia durante a semana que antecedeu a celebracao, tem agora a oportunidade de declamar a respectiva frase. Nem todos os putos se lembravam da frase inteira, alguns engasgavam-se pelo meio, ou nem mesmo eram capazes de a acabar, mas mesmo assim eram encorajados pelo Pastor e o nosso Amen, em jeito de agradecimento. Nesta altura o Pastor revela o tema da semana, e antes de discursar sobre ele pede a ajuda das crianças. São elas as primeiras a dar a opinião sobre o conceito que vai ser assunto da missa. Respeito, como o Pastor disse: R-E-S-P-E-C-T.
Engracado como os miudos, nao so nao tem vergonha nenhuma de dizer o que pensam sobre o assunto e despejar o que lhes vem a cabeca, como se oferecem para o fazer. As far as I remember, em PT em geral temos vergonha de dar a nossa opiniao, de expor os nossos pensamentos perante um publico, mesmo que sejam os colegasm. Foi de facto curioso ver como os pequenotes se sentiam perfeitamente a vontade para lhes dizer o que apetecia e tinham toda a vontade de ser os escolhidos para o fazer. Algumas das respostas foram: "Respect is to honour the others", "is to be kind", "is to go to bed, when my parents ask me to". Acho que foi esta a parte que mais gostei em toda a celebracao. Que criancas felizes aquelas, simples e genuinas.

Ha uma parte em que uma pessoa vai falar de um episodio que lhe aconteceu, expor uma situacao e rezar em conjunto com todos nos. Para ser franca, custou-me a perceber a historia, mas percebi que se tratava do seu emprego. Ao longo deste momento ha pessoas que se levantam e todos temos a liberdade de rezar ao mesmo tempo pelo que queremos. Eu nao consegui rezar por nada nem por ninguem... era tudo tao estranho para mim que nem me lembrei, nao tive paz de espirito suficiente, estava demasiado concentrada em tudo o resto.
A liberdade que todos sentem para rezar expressa-se de varias formas. Alguns apenas olham para o chao e rezam baixinho. Outros nem mexem os labios e pensam apenas. Outros falam em voz alta, choram, berram Amen.. As vezes afligia-me, pensava que uma senhora nao estava bem, mais tarde a Nikky acalmou-me e disse-me que se tal acontecesse alguem a iria acalmar..

E uma missa muito mais interactiva, em que as pessoas participam muito mais na celebracao em si. Quando o Pastor discursa, se algum de nos concorda com o que esta a ser dito, ja passou por tal, ou se reconhece de alguma forma no contexto levanta a mao como se que num acto de confirmacao, ou se alguem acredita que algo que foi dito e mesmo importante ou quer demonstrar a sua fe em tal pensamento ou ideal, solta simplesmente um Amen audivel.

A missa demora bastante tempo (~2h ou mais), pelo que algumas criancas adormecem nos bracos dos pais, maes, irmaos. La para o fim da missa as criancas sao acompanhadas por adultos a uma sala onde vao estudar um tema qualquer, para que nao se esgotem com o prolongar da missa. Que ideia gira!
Tambem a comunhao nao e feita logo, para nao demorar mais tempo ainda. Os interessados tem que voltar ao fim da tarde, pelo que os idosos sao acompanhados a uma sala para que o possam fazer, evitando assim que tenham que voltar mais tarde, ao fim do dia.

Entre os varios discursos canta-se. Mesmo muitas das oracoes que passam no projector sao oradas em canticos.
Numa parte de agradecimento cantamos "oh happy day". Fiquei especialmente contente pois esta eu sabia. Quase me fez chorar, nao estava triste, mas ha de facto momentos que gostava tanto de partilhar com algumas pessoas....

Num dos canticos estamos todos de maos dadas. Era suposto formarmos um cordao de pessoas em redor dos bancos, mas eramos tantos que de facto ha o circulo e algumas linhas de pessoas a cruza-lo e a preencher o centro de tantos que eramos de maos dadas. Gostei bastante desta parte, estarmos de mao dada a sentir a pressao que a pessoa do lado faz, que varia ao longo da musica e engracado de sentir. Faz-nos sentir unidos, pelo menos a mim fez-me senti-los unidos.
Sao trazidos a baila temas da vida real o que torna a missa muito mais real e terra-a-terra.

No fim, um ultimo cantico e um ultimo balancar ao som do Gospel e a maior parte das pessoas se dispersa. Ficamos aqueles que iamos assitir a parte da Dedication ao DJ.
A celebracao e muito curta e simples. Sobem ao pulpito os pais, os padrinhos, os avos, e os bisavos (se os houverem) pela ordem que eu enunciei. Mulheres de um lado e homens do outro, bebe ao centro. Sao entregues duas flores. Uma branca em sinal de paz, e uma vermelha em sinal de amor. Sao feitas as oracoes e o bebe, penso que seja benzido, ele e os padrinhos. O bebe e elevado nas maos dos homens, e depois e tocado pelas mulheres.

E no fim, uma foto de familia, incluindo o Pastor.. mais uma vez a proximidade e o a vontade entre todos e-me intrigante.
Celebramos, ao fim das 3h30 que estivemos na Zion Baptist Church, estavamos todos com um enorme sorriso.

Mais tarde, juntamo-nos em casa da Nikky que nos recebeu com imensos mimos e american treats.
Mais que isso, passei a tarde sentada numa mesa redonda com geracoes de mulheres, ond a conversa era descontraida e banal. Onde se contavam historias e se recordavam episodios caricatos do passado. Quando a mae da Nikky descobriu que eu estava ca sem familia, disse que a partir daquele momento eu tinha uma e era sempre bemvinda. Gostei imenso, e fiquei toda badado por ver que o DJ tinha vestido a o conjuntinho de festa que eu escolhi para lhe oferecer no BabyShower.

Valeu muito muito a pena!

3 comments:

Ana said...

Ola Maria! N resisti a comentar;)

Felizmente em PT, nalgumas igrejas católicas, as crianças já são educadas assim: a poderem dizer, perguntar e sentir como mt bem querem. A crescer com um sentido verdadeiro de fé dentro delas. Alegres, a cantar, a brincar com tudo, a rezar em qq parte, a VIVER a fé e não a decorarem-na, sem fazer dramas e sem sentir algum medo. E canta-se e dança-se e joga-se e brinca-se por aqui também. Infelizmente, isso ainda acontece em poucos sitios.. Mas é por isso que a nossa geração é tão importante. Pra mudar. "Pra sermos a diferença que gostavamos de ver no mundo" de facto;)

By the way.. tenho gostado muito de ler o teu blog. É estranho descobrirmos pessoas tão especiais apenas por le-las, quando elas estão longe, quando antes estiveram sempre tão perto de nós;)

Baci

Anocas said...

Faço das palavras da Ana, palavras minhas também! E como te tenho dito no msn, também gosto de ler o teu blog, mas é raro ter tempo de comentar... Anyway, este post não podia deixar de ter uma palavrinha minha, e confesso que no fim de o ler, dei com uma lágrima a querer sair.

Anonymous said...

Que experiência tao gira!

De facto nós, portugueses, somos muito fechados no que toca a mostrar emocoes... Somos assim. Acho que nao faz sentido comparar culturas.

Identifico-me imenso com a maneira como tu vives isso tudo e gosto muito do teu blog.

Beijinhos
leo